YEAH! Skate Magazine – Edição N° 10

Um Grito de Resistência

A revista “YEAH! SKATE”, em sua edição número 10, de Ano 8 (provavelmente referente a uma data nos anos 80, dada a escrita e o contexto da época), não era apenas uma publicação de esportes radicais, mas um manifesto cultural e um grito de resistência. O editorial e o artigo “Legalizar ou permanecer marginal?” de Paulo de O. Brito, juntamente com a capa impactante “ANDAR DE SKATE NÃO É CRIME”, ecoam uma luta por reconhecimento e dignidade em um Brasil que, naquele tempo, via o skate com olhos de estranhamento e repressão.

A Luta Pela Legalização do Skate

Então, o que é skate? Para Brito, o skate é “um meio de transporte moderno para curtas distâncias, um estilo de vida jovem e dinâmico, um esporte complexo e saudável”. Mas, por que uma atividade tão benéfica era criminalizada ou marginalizada? A resposta, sugerida no texto, reside na resistência ao novo e ao diferente. Porque, como o sociólogo francês citado afirma, “Toda manifestação de evolução é encarada com ceticismo e repressão.” E a história já provou isso inúmeras vezes.

Se “ninguém está acostumado com o futuro”, então é natural que o skate, como “um esporte moderno até demais para a sociedade em que vivemos”, gerasse desconforto. Assim, “quando você repreende, é porque você teme a ação”. O artigo argumenta que proibir o skate é “castrar o próprio direito de ir e vir do cidadão”. Além disso, enquanto crimes graves como assaltos e sequestros acontecem impunes, “o simples fato de andar de skate pode levá-lo à prisão…”. Portanto, a revista clama por uma revisão legislativa, incentivando constituintes e juristas a reconhecerem o skate como um esporte legítimo e uma expressão cultural de jovens que não merecem ser marginalizados. O Brasil precisa disso. O skate também. Vamos!

O Mal da Saturação no Mercado de Publicações

Contudo, a “YEAH! SKATE” enfrentava outro desafio, um interno ao seu próprio nicho: a saturação do mercado. Cláudio Teixeira, em seu texto “O mal da saturação”, denunciava uma “invasão do mercado” por cinco novas publicações. Essas, segundo ele, eram muitas vezes de “material sem nenhuma qualidade”, fruto de uma busca desesperada por sobrevivência econômica através de “preços” e “consignação”.

Então, essa prática resultava em “grande insatisfação por parte dos skatistas e de um grande número de fábricas que estão fechando”, mostrando o impacto negativo da concorrência predatória. Mas, a “YEAH! SKATE” se posicionava de forma diferente. Porque era uma editora que publicava “unicamente SKATE”, e seu compromisso era com a excelência. Por isso, a edição número 10 era apresentada com orgulho, como um trabalho feito “com respeito a nossos leitores, clientes e amigos”, oferecendo “matérias de alto nível e de grande importância para o cenário nacional”. Eles reafirmavam seus princípios, acreditando que “o skate não é, e nem deve ser considerado um crime!”, unindo a qualidade da publicação à defesa de sua cultura.

Uma Revista Como Referência

A tabela de conteúdo da edição número 10 revela a riqueza da revista, indo além da simples defesa do skate. Com seções como “COMPETIÇÃO”, “LADEIRA DA MORTE SP”, “ESCOLAS DE SKATEOLOGIA”, “SKATE & SAÚDE” e “SKT PANORAMA”, a “YEAH! SKATE” não apenas informava sobre o esporte, mas também educava, promovia eventos e explorava a cultura do skate em suas diversas facetas, incluindo música (“MÚSICA OLHO SECO”) e arte (“SKATE ART”). Se a revista buscava o reconhecimento do skate, então ela o fazia demonstrando sua profundidade e seu valor para a sociedade. Era, em essência, uma celebração de um estilo de vida.

Este blog utiliza cookies para garantir uma melhor experiência. Se você continuar assumiremos que você está satisfeito com ele.