
O espírito da evolução
Charles Darwin dizia que apenas os mais adaptáveis sobrevivem — e, se isso é verdade, então o skate brasileiro provou sua força em 1987. A revista Overall Skate Magazine, em sua edição nº6, publicada naquele ano histórico, surge como símbolo dessa resistência. E, porque o esporte enfrentava fases desafiadoras, a publicação veio como uma resposta direta às “forças do mal” que tentavam derrubar o que estava sendo reconstruído com tanto esforço: a base sólida da cultura do skate no Brasil.
O editorial, assinado por Paulo Lima, reforça essa visão evolutiva. E, se o skate crescia em meio à instabilidade, foi justamente a união entre skatistas, empresários e veículos que manteve viva a chama do movimento. Assim, a Overall se transformou não apenas em uma revista, mas em uma trincheira cultural.
A Capa que Marcou uma Geração
A capa da edição nº6 traz o registro de Leonardo Godoy Barbosa, em um momento explosivo capturado nas lentes de Petrônio Vilela. O skatista aparece executando uma manobra com precisão e força, representando o espírito do campeonato Guará 87, o Campeonato Brasileiro de Skate. O visual vibrante, as cores contrastantes e o design ousado definem a estética do skate da época — liberdade, ousadia e atitude.
Na parte superior, em letras fortes e vibrantes, lemos “OVERALL SKATE MAGAZINE”, acompanhada do preço de Cz$ 50,00, um valor simbólico para os colecionadores de hoje. A capa ainda anuncia destaques que chamam atenção: J.G. Brittain, em entrevista exclusiva; Animal Chin, o icônico vídeo produzido por Stacy Peralta; e a seção Transições, explorando a arquitetura urbana e sua influência nas pistas e ruas.
O Conteúdo que Uniu o Skate e a Cultura
O índice da revista é um retrato vivo da pluralidade do skate. Se os Beastie Boys eram tema na seção “Som”, foi porque o skate sempre andou de mãos dadas com a música. E, se Leo Kaquino foi notícia na seção “Shi”, é porque os bastidores e as polêmicas também faziam parte do cenário.
A reportagem “Brasileiro 87 – Brasil visita Guará”, escrita por Aníbal Neto, mostra o tamanho do evento e sua importância histórica. Já em “Entrevista Brittain”, a conversa com o editor da Transworld Magazine traz um olhar internacional sobre o skate nacional. E, então, vem “Transições”, assinada por Fábio Bolota, explorando o lado arquitetônico das pistas urbanas.
As seções “Câmera Lenta” e “Animal Chin” ensinam, divertem e inspiram, porque mostram o skate como escola de estilo e superação. Por fim, as colunas “Gralha” e “Cartas” revelam o diálogo entre revista e público — skatistas que, com caneta e papel, escreviam para fazer parte da história.
A Resistência Impressa em Papel
O editorial termina com uma frase que define toda a filosofia da revista:
“Lute pelo skate. Vale a pena.”
E valeu. Porque foi essa luta que manteve viva uma geração inteira de skatistas brasileiros. E, se hoje o skate é um dos esportes mais respeitados do país, então foi graças a publicações como a Overall, que mostraram que o skate é mais do que um esporte — é uma forma de expressão, uma linguagem e um estilo de vida.
 
								