A capa que marcou um momento
A edição nº 18 da Overall Skate Magazine, lançada em março de 1990, traz na capa uma imagem icônica do skatista conhecido como “Pois é” deslizando o seu ”carrinho” em um fim de tarde em Venice Beach, Califórnia, sem dúvida um registro memorável do Fotógrafo Annibal Neto. Essa escolha de capa já sinalizava que o skate no Brasil buscava novas referências e tentava se consolidar como movimento esportivo e cultural, após anos de altos e baixos.
O contexto do skate nos anos 90
O editorial dessa edição destaca um texto do editor assistente Cesar Gyrão que refletia sobre os caminhos do skate naquele período. Então, segundo ele, a primeira década havia sido marcada por ousadia, cores e rebeldia, com skatistas vivendo intensamente a novidade, Já na segunda, o esporte carregava o estigma da “vagabundagem”, sendo muitas vezes marginalizado. A entrada nos anos 90, contudo, apontava para uma virada: skatistas começavam a se comportar como atletas, focados em resultados e buscando reconhecimento esportivo.
Esse pensamento vinha acompanhado de uma crítica direta ao mercado, abalado pela inflação que assolava o Brasil. Gyrão destacava que, em tempos de crise, era preciso redobrar a criatividade e a ousadia, qualidades que sempre fizeram parte do skate.
O conteúdo da edição nº 18
O índice da revista revela matérias que ajudam a entender melhor o momento:
- Página 8 – UBS Circuito 89: cobertura da última etapa do circuito, um dos eventos mais importantes do calendário nacional da época.
- Página 14 – Seção Som: “A música do Futuro Negro”: Skate e música com sons alternativos, underground e contestadores.
- Página 16 – Retrospectiva de 4 anos da Overall: Trajetória da revista que desde meados dos anos 80 já documentava a cena do skate no Brasil.
- Página 32 – Seção Camera Lenta: o transfer: Um tutorial em formato de lição, voltado para a evolução técnica dos praticantes, que buscavam aprimorar suas manobras.
- Seção Chave Mestra – por Cesinha Chaves: Assinada pelo saudoso skatista Cesinha Chaves, essa seção era um espaço de opinião e reflexão.
Um reflexo da resistência do skate brasileiro
A edição nº 18 da Overall é, portanto, um retrato fiel de um período de transição. Ao mesmo tempo em que olhava para trás também apontava para o futuro, apostando no skate como esporte e mercado em expansão. A mensagem de união e ousadia lançada por Cesar Gyrão ecoava como um chamado coletivo para que o skate continuasse vivo, criativo e combativo. Mais de três décadas depois, essa edição segue como um registro precioso da cultura skate no Brasil.
